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Fabricio Mazocco - Publicado em 01-12-2021 16:00
Artigo discute o ensino de recursos computacionais para pesquisadores
Programação para ensino é um dos focos do estudo (Imagem: Pixabay)
Programação para ensino é um dos focos do estudo (Imagem: Pixabay)

Refletir sobre uma série de eventos voltados a pesquisadores da área de Ciências Biológicas, visando ao aprendizado de programação computacional para ser utilizada como ferramenta de ensino: esse foi um dos objetivos que nortearam 24 pesquisadores - alunos de graduação, de pós-graduação e docentes - de diversas instituições, incluindo a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em um estudo que foi publicado em 11 de novembro no periódico "PLOS Computational Biology".

Intitulado "The experience of teaching introductory programming skills to bioscientists in Brazil", o artigo descreve a organização do "Workshop de Python para Dados Biológicos", uma série de workshops cujo objetivo era ensinar programação a pesquisadores da área de Ciências Biológicas. O estudo destaca conceitos de programação apresentados aos participantes do evento e inclui uma descrição de como os recursos computacionais foram utilizados para o ensino, bem como das atividades realizadas individualmente e em grupos. 

A iniciativa teve início em 2017, no Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), continuou em 2018 no Departamento de Computação (DC) da UFSCar, e teve sua edição mais recente em 2020, realizada online e com o apoio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, duas unidades do campus de Piracicaba da USP. Pela UFSCar, assinam o artigo o docente Ricardo Cerri, do DC, e os estudantes Alisson Hayasi da Costa e Henrique Cordeiro Frajacomo, do Bacharelado em Ciência da Computação, e Thayana Vieira Tavares, do Bacharelado em Biotecnologia.

A proposta nasceu já com os objetivos de introduzir conceitos de computação e ensinar os primeiros passos da análise de dados biológicos para pesquisadores sem formação na área de Ciência da Computação, usando a linguagem de programação Python. 

Os eventos foram organizados por alunos de graduação e pós-graduação, e contaram com o apoio de docentes com experiência no ensino de bioinformática e ciência de dados. Foram 20 participantes na edição de 2017, 29 na de 2018 e 37 na de 2020, realizada totalmente online em razão da pandemia de Covid-19. É esta última edição que ganha destaque no artigo científico com as estratégias adotadas pelos organizadores para o ensino a distância, incluindo o uso de plataformas online, como o Google Meet e o Slack.

Algumas características do evento no formato online permitiram expandir suas fronteiras. O novo formato possibilitou, por exemplo, a inclusão de estudantes de instituições de fora do Estado de São Paulo, e também que a comissão organizadora fosse composta por membros de diferentes estados. 

Dentre as particularidades dos eventos realizados, estão a adoção de aulas no formato "participatory live coding" e o uso de cadernos digitais (Jupyter e Google Colab), que permitem não apenas uma execução de códigos em um ambiente amigável, comparado com editores de texto ou prompts de linha de comandos, mas também incentiva a boa documentação e compartilhamento de códigos, algo importante em uma ciência que necessita cada vez mais de boas estratégias para promover a reprodutibilidade. Os cadernos de atividade em Inglês foram disponibilizados em um repositório público.

O artigo completo pode ser acessado aqui.