Notícia
Adriana Arruda
- Publicado em
14-09-2022
09:00
Cientistas detectam declínio de insetos terrestres no Brasil
Um estudo conduzido por pesquisadores e pesquisadoras da UFSCar, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) detectou declínio de insetos terrestres no Brasil, como abelhas, borboletas, vespas, formigas e besouros, essenciais para a manutenção dos ecossistemas e das atividades agrícolas.
A iniciativa - que também investigou a quantidade de insetos aquáticos dos últimos anos - contou com a participação de Kayna Agostini, docente no Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME-Ar), do Campus Araras da UFSCar, cuja principal temática de pesquisa envolve a polinização, incluindo as abelhas.
O estudo analisou tendências dos últimos anos (média de 22, para insetos terrestres, e 11, para aquáticos), com base em 45 estudos publicados e, também, em questionário aplicado junto a 156 cientistas que pesquisam insetos no Brasil.
"Para analisarmos uma tendência, é necessário realizar monitoramento por, pelo menos, cinco anos; por isso, só consideramos estudos que atendiam a este critério. Compilamos e analisamos dados que estavam pulverizados - muitos, inclusive, não publicados, por isso a importância da aplicação do questionário", conta Agostini.
De modo geral, a docente atribui o declínio das populações de insetos terrestres à mudança nos usos da terra, com a substituição da vegetação nativa por agricultura; ao uso de agroquímicos; às mudanças climáticas; e, algumas vezes, à introdução de espécies exóticas, que podem ser competidoras de espécies nativas e acabar com uma população.
No caso das espécies de abelhas, algumas com estudos de mais de 20 anos, Agostini conta que locais drasticamente modificados - com retirada de vegetação e chegada de asfalto e luminosidade - excluíram o local de construção de ninhos destes insetos, o que certamente ajudou a causar esse declínio em sua população.
Ao investigar a tendência em insetos aquáticos, não houve declínio. No entanto, é precipitado afirmar que eles estão mais bem conservados. "A maioria das pesquisas é muito recente, e as regiões desses insetos já estavam degradadas. Como não houve monitoramento antes de toda a poluição e a mudança do ambiente, não sabemos, de fato, se houve ou não declínio em um maior espaço de tempo", pontua a cientista.
Segundo Agostini, o conhecimento e o monitoramento são passos essenciais para a conservação das espécies. "Há muitas desconhecidas e, ao mesmo tempo, dados científicos pulverizados. Os desafios passam por aumentar os investimentos na área para conseguirmos seguir com a pesquisa, realizando essas descobertas e, também, tendo um monitoramento anual dos insetos para, assim, auxiliar em tomadas de decisão, com vistas à conservação das espécies."
O estudo, intitulado Insect decline in Brazil: an appraisal of current evidence, foi publicado na revista científica Biology Letters e pode ser acessado em https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rsbl.2022.0219.
Esta matéria aborda contribuição da comunidade da UFSCar à concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030 (ODS15-Vida Terrestre).
A iniciativa - que também investigou a quantidade de insetos aquáticos dos últimos anos - contou com a participação de Kayna Agostini, docente no Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME-Ar), do Campus Araras da UFSCar, cuja principal temática de pesquisa envolve a polinização, incluindo as abelhas.
O estudo analisou tendências dos últimos anos (média de 22, para insetos terrestres, e 11, para aquáticos), com base em 45 estudos publicados e, também, em questionário aplicado junto a 156 cientistas que pesquisam insetos no Brasil.
"Para analisarmos uma tendência, é necessário realizar monitoramento por, pelo menos, cinco anos; por isso, só consideramos estudos que atendiam a este critério. Compilamos e analisamos dados que estavam pulverizados - muitos, inclusive, não publicados, por isso a importância da aplicação do questionário", conta Agostini.
De modo geral, a docente atribui o declínio das populações de insetos terrestres à mudança nos usos da terra, com a substituição da vegetação nativa por agricultura; ao uso de agroquímicos; às mudanças climáticas; e, algumas vezes, à introdução de espécies exóticas, que podem ser competidoras de espécies nativas e acabar com uma população.
No caso das espécies de abelhas, algumas com estudos de mais de 20 anos, Agostini conta que locais drasticamente modificados - com retirada de vegetação e chegada de asfalto e luminosidade - excluíram o local de construção de ninhos destes insetos, o que certamente ajudou a causar esse declínio em sua população.
Ao investigar a tendência em insetos aquáticos, não houve declínio. No entanto, é precipitado afirmar que eles estão mais bem conservados. "A maioria das pesquisas é muito recente, e as regiões desses insetos já estavam degradadas. Como não houve monitoramento antes de toda a poluição e a mudança do ambiente, não sabemos, de fato, se houve ou não declínio em um maior espaço de tempo", pontua a cientista.
Segundo Agostini, o conhecimento e o monitoramento são passos essenciais para a conservação das espécies. "Há muitas desconhecidas e, ao mesmo tempo, dados científicos pulverizados. Os desafios passam por aumentar os investimentos na área para conseguirmos seguir com a pesquisa, realizando essas descobertas e, também, tendo um monitoramento anual dos insetos para, assim, auxiliar em tomadas de decisão, com vistas à conservação das espécies."
O estudo, intitulado Insect decline in Brazil: an appraisal of current evidence, foi publicado na revista científica Biology Letters e pode ser acessado em https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rsbl.2022.0219.
Esta matéria aborda contribuição da comunidade da UFSCar à concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030 (ODS15-Vida Terrestre).