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Mariana Pezzo - Publicado em 23-01-2023 17:15
UFSCar aprova 16 projetos em edital da Fapesp para jovens docentes
Diferentes áreas de conhecimento tiveram projetos aprovados (Foto: CCS-UFSCar)
Diferentes áreas de conhecimento tiveram projetos aprovados (Foto: CCS-UFSCar)

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) divulgou recentemente o resultado da chamada de projetos na nova modalidade Projeto Inicial, destinada a jovens cientistas com doutorado concluído há menos de 12 anos e contratação efetivada há menos de 8 anos. Das 106 iniciativas aprovadas, 16 são da UFSCar, colocando a Universidade entre as quatro universidades com maior número de projetos selecionados, junto com USP (29), Unicamp (17) e Unesp (16) e em um total de 14 instituições contempladas.

"Esta foi uma grande porta de entrada para pessoas que vão produzir Ciência, formar outras pessoas e participar da internacionalização da Universidade, e o ótimo resultado obtido é fruto do esforço da nossa comunidade de pesquisa e, também, das unidades que se organizaram para oferecer suporte no momento da submissão, fazendo com que fôssemos a segunda instituição com maior número de propostas enviadas", comemora o Pró-Reitor de Pesquisa da UFSCar, Pedro Fadini. "Neste momento, parabenizo este conjunto de pesquisadoras e pesquisadores, mas também aqueles que enviaram projetos que não foram selecionados para financiamento, pois este é um grande patrimônio, o resultado deste processo de organização, reflexão e escrita de projetos, que poderão concorrer em outras oportunidades", complementa.

CECH
Três dos projetos aprovados serão desenvolvidos no Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH). Luana Costa Almeida, docente no Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTPP), é responsável por iniciativa de colaboração entre escola e universidade, com investigação do que denomina "qualidade social da escola". A pesquisa olhará para o modo como a escola organiza seu trabalho pedagógico em relação às condições objetivas disponíveis e o que muda com a efetivação de grupo de trabalho coletivo para refletir sobre qualidade social, ou socialmente referenciada. "A aprovação do projeto significa a consolidação de uma etapa de desenvolvimento profissional, como professora do Ensino Superior, efetivando redes de pesquisa interinstitucionais, assim como a abertura de novas possibilidades de atuação colaborativa com os profissionais da Educação Básica para a melhoria da escola pública", compartilha a pesquisadora.

Os outros dois projetos estão vinculados ao Departamento de Psicologia (DPsi). Leonardo Cardoso Portela Câmara aprovou iniciativa voltada ao desenvolvimento de método de análise de dados qualitativos de orientação psicanalítica. Investigar alterações biológicas relacionadas a transtornos associados ao estresse é o foco de Amanda Ribeiro de Oliveira. O estudo buscará entender alterações biológicas subjacentes à resposta ao medo em ratos, e um detalhe importante é que será feita a comparação entre roedores machos e fêmeas, com a expectativa de contribuir para diminuir a lacuna existente na compreensão de transtornos mentais em mulheres que, segundo a pesquisadora, está associada em grande parte à negligência no uso de fêmeas na pesquisa pré-clínica em Neurociência.

CCBS
Outros três projetos serão desenvolvidos no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Jaqueline Alcântara Marcelino da Silva, docente no Departamento de Enfermagem (DEnf), pesquisará o desenvolvimento docente para educação interprofissional em Saúde.

Na área das Ciências Biológicas, Leonardo Maurici Borges, do Departamento de Botânica (DB), coordena projeto que produzirá conhecimento inédito sobre evolução de plantas. "A possibilidade de criar disciplinas novas na temática da proposta e de divulgar os resultados obtidos fora do ambiente acadêmico é extremamente importante para aumentar o interesse pelas plantas, um componente da biodiversidade que normalmente não é valorizado pela sociedade", destaca Borges.

Já Felipe Roberti Teixeira, docente no Departamento de Genética e Evolução (DGE), coordena pesquisa sobre a fisiologia e a relação com o hospedeiro de Leishmania infantum, parasita causador da leishmaniose visceral, visando inclusive possível identificação de novos alvos para intervenção farmacológica. O estudo empregará no parasita técnicas de edição gênica - CRISPR-Cas9 e Bar-seq - que estão na fronteira do conhecimento. "Além da contribuição científica, a proposta aprovada também tem papel acadêmico por inserir a temática CRISPR-Cas9 no conteúdo de disciplinas de graduação e pós-graduação, contribuindo para a formação e a motivação de nossos estudantes", avalia o pesquisador.

CCET
Pesquisadoras e pesquisadores do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET) coordenam 10 projetos, três deles vinculados ao Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa). Carlos Alberto Della Rovere atuará no design e produção de ligas multicomponentes refratárias com propriedades otimizadas de oxidação em alta temperatura. Francisco Gil Coury olhará para as ligas de alta entropia (ligas metálicas com múltiplos componentes), também passando pelas fases de modelagem, fabricação, teste e caracterização, com aplicação de algoritmos computacionais para a obtenção de materiais com propriedades otimizadas. "O projeto contempla a aquisição de equipamento - nanoindentador - que será instalado no Laboratório de Caracterização Estrutural, um laboratório multiusuário", conta o pesquisador. "Além disso, há uma série de bolsas previstas, de iniciação científica, mestrado e doutorado, o que será fundamental para compor um time de pesquisa nesta fase inicial da minha carreira", complementa o docente que está na UFSCar há cerca de quatro anos.

Também no DEMa, Lidiane Cristina Costa coordena pesquisa sobre manufatura aditiva para engenharia de tecidos ósseos, voltada à produção de scaffolds bioativos - espécie de "moldes" poliméricos - que podem facilitar processos de reparação óssea. "O DEMa é reconhecido por pesquisas nas áreas de polímeros, cerâmicas e metais. Porém, a necessidade de desenvolvimento e de aplicações de materiais multifuncionais, conformados através de tecnologias sustentáveis e avançadas, leva à aproximação entre as áreas do conhecimento, rompe barreiras e estimula linhas de pesquisa transdisciplinares, como proposta neste projeto", situa a pesquisadora.

Não é só no DEMa que a busca é por novos materiais. No Departamento de Física (DF), os dois projetos aprovados também olham para novas propriedades em materiais. Maycon Motta investigará eletromigração em nanoestruturas, buscando compreender como o fenômeno da eletromigração pode ser usado para modificar de forma controlada propriedades de materiais supercondutores, com variadas aplicações tecnológicas possíveis. Luís Fernando da Silva preparará semicondutores nanoestruturados a serem estudados como sensores de gases tóxicos capazes de operar em temperatura ambiente, visando contribuir para a obtenção de dispositivos para detecção desses gases e, assim, preservação da saúde humana.

No Departamento de Química (DQ), Felipe Christoff Wouters pesquisará aspectos de Ecologia, Química, Bioquímica e Evolução do metabolismo de defesas químicas de plantas por insetos herbívoros e, além disso, na área da Educação, desenvolverá aplicativo voltado ao ensino de Química Orgânica. Já Roberta Cerasi Urban aprovou projeto relacionado à chamada "pandemia plástica", em que investigará a poluição atmosférica por micro e nanoplásticos no contexto pós-Covid-19, marcado pelo uso das máscaras de proteção contra o vírus. A pesquisadora, que está concluindo estágio de pesquisa na Inglaterra, destaca como o financiamento conquistado permitirá consolidar a atuação de grupo interdisciplinar binacional.

No Departamento de Engenharia de Produção, Marcelo Jose Carrer desenvolverá pesquisa com agricultura digital, que buscará identificar e descrever as principais tecnologias adotadas por produtores de soja e bovinos de corte no estado de São Paulo, identificar o que determina a adoção dessas tecnologias e estimar seus impactos. "A aprovação do projeto significa uma oportunidade única de contar com recursos financeiros para desenvolver pesquisa científica em alto nível nos próximos cinco anos da minha carreira", avalia o pesquisador. "Esses recursos irão viabilizar o desenvolvimento de pesquisa de campo, aquisição de computadores e softwares, qualificação e treinamento de pessoas e produção de um conjunto de artigos e outros materiais de disseminação do conhecimento", elenca.

No Departamento de Engenharia Química, Francisco Guilherme E. Nogueira atuará diante de um dos maiores desafios atuais da nossa sociedade, que é a redução do acúmulo de gás carbônico proveniente da queima de combustíveis fósseis e outros processos. O projeto de pesquisa aprovado pelo docente diz respeito ao desenvolvimento de semicondutores para fotoconversão de CO2 em combustíveis e em produtos para a indústria química. "A chamada PI é fundamental para o futuro da Ciência e da Tecnologia. Muitas vezes, jovens pesquisadores são os responsáveis por trazer novas ideias e perspectivas para a pesquisa, o que pode levar a avanços significativos e inovadores", avalia Nogueira.

O projeto de Ricardo Cerri, docente no Departamento de Computação (DC), visa desenvolver métodos mais eficientes de classificação em fluxos contínuos de dados, tais como: dados gerados a partir de sensores; em medições durante monitoramentos de redes; e na análise de postagens em redes sociais, dentre outras situações. O pesquisador destaca a relevância deste que é seu primeiro projeto financiado como pesquisador principal. "A duração de cinco anos nos proporciona segurança para realizar a pesquisa visando resultados em médio prazo, além de aumentar as possibilidades de aplicação dos métodos desenvolvidos em diferentes problemas e, também, as chances de parcerias com a indústria", registra.

A lista completa de projetos aprovados no edital PI da Fapesp pode ser conferida no site da Fundação.

Confira abaixo os vídeos em que as pessoas contempladas comentam essas pesquisas: