Notícia

João Eduardo Justi - Publicado em 12-12-2025 13:00
UFSCar participa do 1º Encontro Brasileiro de Aviação Não Tripulada
Evento destacou avanços tecnológicos e ampliou parcerias entre instituições (Foto: Drone.Gov)
Evento destacou avanços tecnológicos e ampliou parcerias entre instituições (Foto: Drone.Gov)
A UFSCar participou, entre os dias 25 e 28 de novembro, da organização do I Encontro Brasileiro de Aviação Pública Não Tripulada - Drone.Gov, realizado na Academia Nacional de Polícia, em Brasília. Em uma iniciativa que reuniu o Ibama, a Polícia Federal, o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás e a Universidade Federal de Goiás (UFG), o evento consolidou a primeira articulação nacional voltada exclusivamente à integração de instituições públicas que utilizam aeronaves remotamente pilotadas em suas operações. A UFSCar foi representada na comissão organizadora pelo professor Paulo Guilherme Molin, do Centro de Ciências da Natureza (CCN) no Campus Lagoa do Sino, que destacou o caráter histórico da iniciativa. "Reunir mais de uma centena de instituições permitiu conectar ciência, tecnologia e setor público, ampliando o potencial das geotecnologias e da inteligência artificial para transformar políticas ambientais e operações governamentais", afirmou. 

A cerimônia de abertura contou com autoridades como o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, representantes da Academia Nacional de Polícia, da Aeronáutica, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, reforçando o alcance interinstitucional do encontro. Para o Ibama, órgão que liderou a concepção do Drone.Gov, o evento consolida um movimento de cooperação técnica capaz de fortalecer a segurança, a eficiência e a base científica das operações públicas com drones. "Este encontro consolida um esforço colaborativo entre universidades e instituições públicas, criando as bases para uma aviação não tripulada mais integrada, segura e orientada pela ciência", avaliou Felipe Seino, servidor do Instituto e Coordenador-geral da iniciativa. 

Ao longo dos quatro dias, representantes de 113 instituições - entre órgãos ambientais, forças de segurança, universidades e centros de pesquisa - participaram de fóruns, mesas-redondas, oficinas e demonstrações práticas. A programação apresentou avanços expressivos em sensores de alta resolução, câmeras multiespectrais, hiperespectrais e térmicas, assim como equipamentos LiDAR voltados ao monitoramento de florestas, mensuração de carbono e avaliação de áreas em restauração. Também ganharam destaque os drones de grande autonomia e alta capacidade de carga, adequados a missões longas e ao transporte de sensores complexos. Soluções baseadas em inteligência artificial demonstraram maturidade crescente, especialmente na detecção automática de pessoas, no reconhecimento de alvos, na classificação de elementos da paisagem e nas análises de biodiversidade. 

As agências reguladoras também apresentaram propostas de modernização das diretrizes operacionais para o uso institucional de drones no Brasil. Representantes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e da Anac detalharam mudanças estruturais voltadas a ampliar a segurança, a eficiência e a flexibilidade das operações públicas com aeronaves não tripuladas - iniciativas que podem impulsionar a padronização e a integração entre diferentes órgãos. 

Casos reais de aplicação ilustraram o avanço tecnológico e metodológico na área. Durante o encontro, foram exibidas atividades de monitoramento ambiental com LiDAR para mensuração de carbono, análises de biodiversidade com apoio de IA, operações de fiscalização e segurança pública, simulações de busca e salvamento com câmeras térmicas e mapeamentos de alta resolução voltados ao combate a incêndios, ao planejamento urbano e à gestão territorial. Segundo os organizadores, esses exemplos demonstram como o uso de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARPs) pode acelerar respostas governamentais e aprimorar políticas públicas. 

O Drone.Gov também ampliou oportunidades para novas parcerias científicas e para o fortalecimento da cooperação entre universidades e órgãos públicos. A expectativa é que iniciativas conjuntas se expandam em temas como sensoriamento remoto, aerofotogrametria, geoprocessamento, robótica aérea e soluções de inteligência artificial. De acordo com a organização, o encontro posiciona o Brasil entre os países que mais têm investido na integração institucional para operações aéreas não tripuladas, fortalecendo sua presença no cenário internacional e criando condições para que se consolidem modelos operacionais de referência. 

A UFSCar, que realiza pesquisas de ponta em sensoriamento remoto, aviação não tripulada e inteligência artificial aplicada, reforça com sua participação no Drone.Gov seu compromisso em conectar ciência e sociedade. Para Molin, o evento inaugura um novo ciclo de cooperação. "As universidades têm papel estratégico no desenvolvimento de metodologias e tecnologias que apoiem a atuação do setor público. O encontro abre possibilidades concretas para projetos que poderão posicionar o Brasil como referência internacional", concluiu.